Não-fazer...


"A questão é, como mudar o seu foco, da mente para o ser.
O fazer trouxe-o para o mundo, o fazer é a escada que o trouxe para o mundo; o não-fazer será a escada... E o não-fazer não é inatividade.
Este ponto tem que ser bem compreendido.

O não-fazer não é inatividade, ele não é inação. A ação está ali, porque ação é vida. Se a ação desaparecer completamente, você estará morto. Mesmo respirar é uma ação; comer, digerir, dormir, tudo são atividades. Viver é estar ativo. Então o que é não-fazer, se não é inatividade? Se você entender o não-fazer como inatividade, você não terá entendido coisa alguma.

Daí, a inatividade irá se tornar a sua ocupação. Você estará constantemente ocupado em não fazer isto, não fazer aquilo. O seu processo se tornará negativo, mas ele ainda será um fazer: 'eu não posso fazer isto, eu não posso fazer aquilo'. Agora você está preocupado. A mesma tensão estará ali: 'eu não posso comer isto, eu não posso comer aquilo, eu não posso usar esta roupa, eu não posso usar aquela.' Agora você está se tornando negativo, mas o processo, o ego, ainda está ali; a mente ainda está ali. Ela está ali ao lado, mas é a mesma mente.

O não-fazer é algo que nada tem a ver com ação, mas tem muito a ver com o ego, com a idéia de ego. O fazedor é o ego. É preciso tornar-se um não-fazedor.
Aí, Deus é o fazedor e, você relaxa, você não força o rio e não cria agonia para si mesmo ao ir contra a correnteza. (...)

O não-fazedor é aquele que relaxou com o rio, que está flutuando no rio, fluindo com o rio, aquele que se tornou parte do rio, que não pensa em si separadamente, aquele que não tem um destino individual. Esse é o significado de não-fazer. O destino do todo é o seu destino. 'Para onde o todo estiver indo, eu estou indo também; para qualquer destino ou não-destino. Para onde esta bela existência estiver se movendo, eu sou parte dela. Eu sou uma onda neste grande lago, simplesmente uma pequena onda. Eu não preciso ter um destino individual.'

A partir do destino individual é que surge o medo, a angústia e a agonia. A partir do destino individual, 'eu tenho que fazer algo, eu tenho que ser alguém, eu tenho que atingir algum lugar', que a mente é criada. Fazer significa: 'eu tenho alguma idéia de como eu devo ser, do que eu devo ser'.
O não-fazer significa: ' abandonei todas as idéias do meu ser separado da existência'. "
Osho em Innocence Neo Tarot

Este texto do nosso amado mestre, nos revela uma questão simples, mas que muitas vezes aparece e confunde.
A passividade, o não-fazer ainda pode ser um fazer negativo, ainda está presente uma mente que controla, um ego, que controla para o negativo.

Na verdade não existe em absoluto a inação. Se pararmos para refletir, já que a vida é movimento, é fluxo. Quem está vivo, É e naturalmente Faz !
Mas a consciência de que somos nós - separados da existência - que somos ou fazemos, é essa idéia que é baseada na mente, baseada no ego, que se percebe separada. Essa idéia na verdade é que leva a angústia, a agonia...pois acreditamos que somos nós que levamos, somos nós que fazemos...isso gera um enorme peso, e mais que isso, uma constante inadequação, conflitos e ansiedade pelos resultados das supostas nossas ações...

Dar-se conta de que nós não somos, mas a existência É em nós, que nós não fazemos, a existência Faz em nós...que nunca fomos, nem somos, nem seremos separados da existência...que isso é impossível, já que tudo é Um, já que tudo é a mesma Consciência...é entrar no fluxo da Vida, sem separação...mas ao mesmo tempo agir, ou não agir, ser com a existência, no fluxo natural da vida...apenas consciente de que tudo que acontece ou deixa de acontecer, de tudo que fazemos ou deixamos de fazer, tudo isso pertence a dimensão do Ser da existência que É... Não existe ninguém fazendo, ou sendo...existe apenas a Existência sendo e fazendo...para ninguém separado...
Isso é ser um não-fazedor...
Amor
Lilian

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