Extraordinária ausência...



"Só a presença acontece na vida.
Só a presença sinais, sons e odores, mas não há ninguém no centro disso tudo, há somente uma ausência,
Que é uma presença absoluta,
apenas nada, brincando o jogo de ser tudo.
Pensamentos acontecem, mas não há ninguém lá que pensa,
Existe uma cadeira, mas ninguém sentado nela.
Agora mesmo ninguém está respirando, ninguém está vendo, ninguém escutando,
Respiração apenas acontece,
Através do livro, as palavras nas páginas apenas aparecem,
Os olhos se abrem, e elas apenas aparecem,
Sons simplesmente acontecem.
Eu respiro, eu vejo, eu escuto, tudo isso é história.
Histórias prioritárias, onde não existe absolutamente nada.
Antes da história: -eu sou uma pessoa, e estou sentado em uma cadeira, lendo meu livro;
Não existe nenhuma pessoa, nenhuma cadeira, nenhum livro.
História prioritária do eu; não existe nada, e ninguém lá para saber disso.
Prioridade do eu, nós não podemos dizer realmente nada sobre isso.
Existe apenas o mistério. Apenas o mistério é verdadeiro.

E fora do mistério o 'eu' aparece.
E no momento que você tem um 'eu', aparece um mundo frio, contraído,
Não existe nenhum mundo. O mundo aparece com o 'eu'.
Expansão, contração, criação, destruição...
O coração bate com o cosmos.

O mito da iluminação:
'Liberdade é algo que eu tenho e você não.' Essa mensagem não vem de alguém acordado, ou pessoas iluminadas, que falam dessa maneira para impressionar outras pessoas.
Não existem pessoas acordadas. Não existem pessoas iluminadas.
Por que em realidade não existem pessoas.
Pessoas que crêem que estão acordadas, que dizem 'eu estou acordada, você não', ou 'eu vejo isso e você não', essas pessoas ainda acreditam na separação.
" Eu acordei e você não", é a maior separação que existe.

Numa frase como essa, o ponto de referência ainda é o 'eu'. O 'eu' que se compara com o 'você'.
Um 'eu' que acorda todas as manhãs e se lembra de si mesmo acordando.
Quando esses conceitos 'eu' e 'você' são postos fora, e se deixa todos os demais conceitos, o que sobra é o mistério.
Quando todos os conceitos se vão, não se tem mais como 'saber' que 'você' acordou.
Você não tem mais como saber nada.
Você não tem mais palavras para definir, 'isto é..'
Como um bebê recém nascido, você vê tudo pela primeira vez. E nada tem um nome.
Como Adão no jardim do Éden. (...)

Nada muda e tudo muda.
Mesmo que você tenha esse código 'acordado', o que você fará com ele?
Nós nem mesmo podemos ver a graça de apenas estarmos sentados na cadeira.
Nós nem mesmo podemos ver o que se passa na nossa frente com clareza.
Como nós podemos então dizer o que é a iluminação, e nos darmos conta que ela aconteceu, se nem mesmo conseguimos ver isso. Mesmo que tivéssemos esse conceito de acordado, iluminado, nós não conseguiríamos vê-lo também.

Pare com isso. Pare aqui.
Veja ISSO primeiro.
O engraçado é que quando você vê ISSO, você não quer AQUILO mais.
Porque quando você vê ISSO, ele já é suficiente em si mesmo.
Apenas sente aqui nessa cadeira, respire, só Isso é o suficiente. Mais que o suficiente.
E na visão disso, a vida ordinária pode ser desfrutada.
Apenas acorde pela manhã, coloque suas roupas, caminhe ao ar livre, vá as compras, etc.. leve uma vida normal, e mesmo assim tudo está mudado.
Porque a necessidade se foi.
A seriedade se foi.
A busca se foi.
O buscador morreu.
Nada mudou, e tudo mudou.
O que nós vemos é o inicio, do que seja um milagre".
Jeff Foster em An Extraordinary Absence.

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