Permanecendo desapegado...


"Seguindo os ensinamentos Vajrayana, não abandonamos nem rejeitamos nada; em vez disso, utilizamos o que quer que apareça. Olhamos nossas emoções negativas e as aceitamos pelo que são. Então relaxamos nesse estado de aceitação. Usando a própria aflição, ela é transformada e transmutada em algo positivo, em sua verdadeira face.

Quando, por exemplo, surge raiva ou desejo intensos, um praticante Vajrayana não tem medo. No lugar disso, ele ou ela seguiriam as instruções que dizem o seguinte: tenha a coragem de se expor às suas emoções.
Não rejeite nem suprima, mas também não as siga. Apenas olhe para sua emoção, olho no olho, e tente relaxar dentro da própria emoção.

Não há confronto envolvido. Você não faz nada.
Permanecendo desapegado, você nem é carregado pelo emoção nem a rejeita como algo negativo. Então, você pode olhar para suas aflições quase casualmente e até se divertir com isso.

Quando se vai nosso hábito de magnificar nossos sentimentos e a fascinação resultante disso, não haverá nenhuma negatividade e nenhum combustível. Podemos relaxar dentro disso. O que estamos tentando fazer, portanto, é lidar de modo hábil e sutil com nossas emoções. Isso em grande parte equivale à habilidade de exercer a disciplina."
Dharma Quotes - Por Ringu Tulku

Neste belíssimo ensinamento, vemos a base do Zen: Permanecer como observador do que acontece. Nada é excluído, nada é tido como perverso, negativo ou indesejado. Na medida que a mente vai se tornando "permeável" à consciência, na medida em que a mente vai se entregando, se rendendo, o que acontece é uma profunda aceitação, ou melhor dizendo, uma total incorporação daquilo que acontece. Sem mais julgar, classificar, analisar.

Se pararmos para refletir um segundo, fica tão óbvio que tudo que acontece, não acontece a nós, o que acontece somos nós mesmos, pois tudo que existe, existe no Ser, e nós somos o próprio Ser auto- consciente, logo, aonde a rejeição se encaixa? Não existe sujeito e objeto. Existe somente o Ser! E o Ser é TOTAL!

Só mesmo uma percepção iludida com a divisão é que pode rejeitar alguma coisa, ou achar que aquilo não deveria ser assim, ou ser assado...

Na consciência não-dual, pelo contrário, tudo se torna Si mesmo. E ao mesmo tempo não é fixo, não é constante, é fluxo...
Essa percepção trás consigo a não rejeição de nada, mas também a não fixação a nada...

Manter-se no observador permite estar no momento presente, plenamente consciente de Si e do que acontece, aprendendo a cada momento um pouco mais, se conhecendo, e ampliando a capacidade de amar a realidade...infinitamente..

Termindo com uma linda frase de Swami Naseeb: O Amor tudo toca, mas nada toca o Amor.
O Amor é soberando e includente.
Só o Amor abre as verdadeiras portas para a consciência pura...Através do Amor a realidade é aceita, incorporada, e podemos manifestar nossa real grandeza...a grandeza do Ser, que é AMOR...
Lilian

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