O Jardim do Rei...


Havia um rei na Índia que queria que seu palácio tivesse o jardim mais belo de todos. Viajou por vários países até que encontrou um mosteiro Zen, cujo jardim era absolutamente belo e perfeito. Ali ele ficou por três anos aprendendo a como plantar, cuidar, cultivar as plantas.

Depois desse período voltou ao seu palácio, e com a ajuda de cem jardineiros iniciou a construção do seu jardim perfeito.
Foram dois anos de trabalho e ao final desse período o rei mandou chamar seu mestre zen, para que avaliasse seu trabalho.

O jardim era enorme, e cuidadosamente plantado, super organizado e limpo.
Quando o mestre zen chegou, caminhou por entre os canteiros, tocou as plantas, respirou, sentiu a energia do lugar, ficou ali um bom tempo, e veio falar com o rei.
-Muito bem, disse ele. Você construiu um jardim belo, é verdade, mas ele não está realmente vivo.
-Como assim, replicou o rei. Todas as plantas estão vivas, saudáveis, em total harmonia de cores, de formas, de contrastes, de floração...tudo perfeito!

-Não, disse o meste. Seu jardim é falso, porque é perfeito. Na natureza não existe nada perfeito, existe sempre algo que "quebra" a perfeição e dá a ela o ar de vida, de verdade, de
fluxo, de movimento e transformação. Aqui não encontrei nenhuma folha seca, nenhum galho seco, nenhum capim, nenhum pequenino animal que desfrute desse lugar, nada...por isso ele pode ser belo, mas ele não é vivo.
-Preocupe-se menos com a perfeição estética, e a limpeza e valorize mais a espontaneidade e a simplicidade viva.
-A natureza é perfeita na sua imperfeição, e bela com todos os seus contrastes.
-A vida contém a morte, logo, os galhos secos, as folhas secas, os capins precisam estar presentes, pois eles nos lembram da impermanência, nos lembram que a beleza também passa por todas as fases..todas elas...
-Vamos refazer seu jardim.

E o mestre foi lá e pegou as folhas secas, os galhos e deixou a própria natureza se encarregar de construir o jardim perfeito (vivo) do rei...
Conto Zen

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