Repouso Último e Infinito - Kabir


"Abre teus olhos de amor, e contempla Aquele que permeia todo este mundo!
Observa-o bem, e reconhece teu próprio país.

Quando encontrares o verdadeiro Guru, Ele despertará teu coração;
Ele te revelará o segredo do amor e do desprendimento, e então, sem dúvida nenhuma saberás que Ele transcende este universo.

Esse mundo é a Cidade da Verdade, o labirinto de seus caminhos fascina o coração.Podemos alcançar nosso destino sem jamais percorrer a estrada, tal é o jogo sem fim.
Onde o círculo de múltiplas alegrias gira à sua volta continuamente, aí a Felicidade Eterna engendra lances.
Quando conhecermos isto, estará terminado todo nosso esperar e recusar.
Então deixará de nos queimar o fogo da cupidez.

Ele é o repouso Último e Infinito:

Ele espalhou as formas de seu amor 
pelo mundo inteiro.
Dessa Luz que é Verdade, torrentes de novas formas emergem perpetuamente; e Ele permeia essas formas.
Todos os bosques e jardins e alvoredos sobejam flores, e o ar estala em cascatas de alegria.

Que maravilhosa trama o cisne avança aí!
Os sons da música não tocada turbilhonam à volta da Infinita Verdade.
Brilha no centro o trono do ilimitado, onde repousa o grandioso Ser.

Milhares de sóis empalidecem, envergonhados 
ante o fulgor de um só pelo de Seu corpo.
Que doces melodias deixa escapar a harpa do caminho, suas notas transpassam o coração:
Aí a fonte eterna combina sem cessar os eflúvios vitais do nascimento e da morte.
Como podem chamar Nada àquele que é a Verdade das verdades?
Àquele no qual encontra-se todas as verdades!
Em seu interior, evolui a criação, e isso está além de qualquer filosofia,pois filosofia nenhuma pode alcançá-Lo:
Existe um mundo infinito, ó irmão e encontra-se aí o Ser Sem Nome, do qual nada se pode dizer.
Esse mundo é conhecido apenas daquele que de fato o alcançou: é diverso de tudo o que já se disse e ouviu.
Lá não se conhece nem forma, nem corpo, nem extensão: como posso explicar-te o que é?

Trilha o Caminho do Infinito aquele sobre o
qual recaem as graças do Senhor: liberta-se da vida e da morte aquele que O alcança.

Kabir diz: "Não se traduz em palavras saídas 
dos lábios, não se pode escrever em papel: É como se um mudo provasse uma iguaria: como poderia explicá-la?"
Poema de Kabir Das - LXXVI

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