Somente ISTO - Tony Parsons


"Isto é o sem forma na forma,
Isto é a vacuidade plena,
Isto é o mar de energia onde o nada se transforma em tudo, simultaneamente,
Isto sempre É.
Isto é completamente livre; 
Esta energia é a liberdade suprema.

Não existe autoridade nenhuma sobre ela, 
Não existe nenhum propósito,
Não existe nenhum sentido,
Nenhum significado,
Isto simplesmente É o que É.

Basicamente É, simplesmente É, Tudo o que existe.
Isto é alem da ideia de saber, de consciência, de conhecer.

É puro fluir,
E ao mesmo tempo, esta energia pode ser Tudo,
Pode se mover mais rápida que a luz
E ser totalmente vazia, simultaneamente.
E pode contrair-se como qualquer coisa que existe.

Nesta contração, numa fisiologia humana, eis que surge o senso de separação.
O senso de separação se manifesta imerso na fisiologia humana. Os pensamentos, as sensações são na verdade expressões desta energia indiferenciada, expressos no corpo denso.

O senso de separação gera o senso de identidade, e subitamente: Existe alguém; existe um eu, um me, um meu.
O surgimento do senso de separação é uma realidade artificial. 
Esta realidade artificial se baseia no objetivo-subjetivo, é uma realidade dual.

O eu, o me, somente existem nessa realidade dual.
Existem para que a energia possa conhecer a si mesma; conhecer-se enquanto consciência em si mesma ou auto-consciência.
Acreditar no eu, é uma outra maneira de que existe a separação. 
O eu cresce, e no convívio com outros "eus" acredita-se que o eu separado de outro eu, exista de fato. (...)

O foco na própria experiência, na própria auto-consciência, faz-se crer que o eu exista realmente. 
O senso de que o eu exista na dualidade, assim como as experiências próprias, criam o senso de livre escolha.
O eu acreditando que exista, cria o senso de livre escolha, e também acredita que exista no tempo. 
O que cria também a convicção de que possa influenciar sua própria história.

Este senso de separação, de independência, de livre escolha, de isolamento, cria o senso de insatisfação. Muitos vivem com estes sentimentos, isolamento e insatisfação.

Aqueles que são mais sensíveis, percebem que algo está faltando, algo está sendo perdido. Porque todas as experiências surgem como objetos separados, as árvores, o céu, pessoas, emoções, sentimentos também.. todos os elementos de qualquer experiência parecem estar separados, e isso é gera insatisfação.


O buscador surge dessa insatisfação; surge em busca de algo que una, que ligue, que dissolva esse sentimento de isolamento e insatisfação.
Buscam essa sensação de integração nas religiões, terapias ou algo que os ilumine, pois vivem no senso de que precisam fazer alguma coisa, já que acreditam na livre escolha. Como vivem pelos padrões duais, acreditam que algo irá ser feito para que o senso de separação se dissolva, e a iluminação aconteça.

Então eles encontram um mestre, ainda neste sonho da dualidade, crendo que o mestre irá levá-lo a chamada iluminação. E o buscador deseja também ajudar a outras pessoas a encontrar o caminho de luz, porque acredita que cada um tem sua livre escolha, e pode optar por este caminho.
O buscador se põe em busca. 
E como acredita na dualidade projeta sua busca para o futuro, para um mestre, para algo que virá a acontecer. Mas como a natureza da dualidade é objetiva-subjetiva, o buscador tem como meta o fim dessa divisão, onde encontrará o infinito. Mas no sonho da dualidade, o infinito não pode ser encontrado.

Porém todo o esforço do buscador em encontrar o infinito, o fim da divisão entre objetivo-subjetivo, só faz aumentar o eu, e com isso, o senso de separação e a necessidade de mais e mais esforço, para se alcançar a experiência derradeira.
O buscador é como se quisesse pegar o ar, com uma rede de se pegar borboletas... (risos)
É completamente infrutífero em seus esforços.

Tudo isso que coloco aqui é para que vejam como o sonho da dualidade cria o senso de separação e o mesmo sonho cria o desejo de união.

Com isso, é possível pouco a pouco irmos tendo vislumbres dessa percepção e compartilhar esta nova maneira de percebermos, cada vez com mais clareza, com mais compreensão.

Liberdade é diferente de Iluminação.

Liberdade é ainda uma crença, uma vaidade de que algo está preso e busca se libertar.

Iluminação é o silencio do fim da busca. 
É o colapso de qualquer separação, o relaxamento no presente, no reconhecimento da verdade última onipresente.
Na dualidade o buscador e a iluminação são duas coisas separadas. 
Na não dualidade nunca houve nem um nem outro.
Somente Isto."
Tony Parsons

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