Transparência e Graça - Osho


"É mais difícil perceber o que é transparente. 
Se houver um vidro totalmente transparente entre você e eu, esquecerei que o vidro existe. Pensarei que o  estou vendo diretamente. Isso significa que me identifiquei de tal modo com o vidro, que não sei mais que ele está presente. Meus olhos e o vidro tornaram-se um só.

Os pensamentos são transparentes, mais transparentes que qualquer vidro através do qual se possa olhar. Eles não são obstáculos para você. É por isso que a identificação é tão profunda. A transparência dos pensamentos está tão próxima que você esquece totalmente que existe uma mente o tempo todo a seu redor, entre você e o mundo. Entre o seu amado, entre você e seu amigo, entre você e seu Deus - sempre que você está, os pensamentos também estão.


Aonde quer que você vá, sua mente está sempre um passo à sua frente. Não está simplesmente seguindo-o como uma sombra; está sempre um passo à sua frente, chega antes de você; Mas você nunca percebe isso, porque ela é muito transparente. Quando você entra em um templo, sua mente entra na frente. Quando você encontra um amigo, quando o abraça, sua mente já o abraçou. Você pode perceber isso por si mesmo.

Sua mente está sempre ensaiando. Esse passo à frente é um ensaio. Antes de você falar, sua mente sempre ensaia o que será dito; antes de você agir, ela ensaia como agirá; o ensaio prossegue continuamente. Ensaiar significa que a mente está preparando a si mesma, que ela está um passo à sua frente.

Isso cria uma constante e transparente barreira entre você e tudo o mais que você irá atravessar, que irá encontrar. Nenhum encontro pode ser real, autêntico, porque algo mais está sempre se interpondo. Você não pode nem amar, nem rezar, não pode fazer nada que requeira a remoção da barreira.

A graça não é sentida porque a barreira está sempre presente circundando-o como uma concha transparente. Nem a graça nem o amor são atributos de Deus - são a própria natureza do divino - mas nós não estamos abertos para eles. Quando alguém está aberto, torna-se um receptáculo.

Mas nesse caso, não é correto dizer que a pessoa recebeu a graça, porque então nada existe exceto Deus, nada exceto a graça. Uma vez que a barreira não mais existe, nada existe exceto Deus. Nada é deixado para que o ego se estabeleça. A pessoa não pode dizer "eu". Não pode dizer " eu me tornei capaz de receber a graça". Ela apenas diz: "Recebi a graça porque estava lá."
O "eu" era a barreira. Quando o "eu" não está, ela só pode dizer: " Aconteceu pela graça de Deus. O que posso fazer? Não sou mais."

Estamos sempre criando a noção errada de que Deus pode dar graça a alguém.
Ele é graça. Se alguém está pronto para recebê-la, Ele está sempre dando. Não é só quando alguém está preparado para receber que Ele dá. Ele está sempre dando. Quando você está fechado, Ele também está distribuindo suas bênçãos. Fique aberto e as conhecerá.


Seja consciente, seja aberto; Apenas assim poderá saber o que é o amor, o que é a graça, o que é compaixão. Eles são a mesma coisa; não são diferentes entre si. São basicamente a mesma coisa.

Só então poderá saber o que é oração. Quando a barreira não está, quando a mente não está, a pessoa que ora não pede por nada. Ela não mendiga, só agradece. Quando a oração é uma mendicância, a barreira está presente. 
A mendicância é a barreira, a mente é a barreira.
Quando a prece é um agradecimento - não por alguma coisa, mas por tudo o que acontece - quando a graça é recebida, você sente gratidão. De sua parte, há gratidão; da parte de Deus há graça.

O alvo de quem recebe é o sentimento de gratidão. Não temos conhecido a gratidão de modo algum; não podemos conhecê-la a menos que  tenhamos sentido a graça do divino. Mas ela pode ser conhecida, pode ser sentida."

Osho em Eu sou a porta.

Comentários

  1. Excelente explicação de Osho sobre a atuação da mente, é muito verdadeiro o que acontece e não nos apercebemos disto.
    Muito bom seu comentário, pois nos aponta para outro aspecto muito importante.
    Grato por postar este texto esclarecedor.
    Bjs.

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