Leia-se completamente! - Satyaprem


"O corpo é uma experiência, é um estado. Do ponto de vista medieval, é um estado sólido de ser. Já do ponto de vista da física moderna, é um estado atômico, energético. Uma versão mais fluída, digamos, e que já decompõe a ideia da morte, por exemplo.

Há certo anacronismo intelectual no mundo, as pessoas estão no século vinte e um, mas pensam como se pensava no século dezessete. Apesar de muito já ter sido desvendado, a morte continua tão amedrontadora quanto naquela época.

Mas o que é a morte? Quem é que morre? O que é que morre?

Outro dia li uma piada que vem a calhar nesse momento. O menino chegou para uma bela garota no bar e perguntou: "Você gosta de água?" Ao que ela respondeu "Sim, gosto".
E o menino continuou: "Então já estamos meio caminho andado, porque você gosta de 70% de mim."

O que isso quer dizer? Esse corpo, que você defende como sendo "você", é composto por 70% de água. Não tem "você". O "você" que existe, é um "você psicológico" – e é esse que teme a morte.

Isso acontece porque, sendo este um "você" imaginado, ele precisa ser pensado. Sem pensá-lo, ele morre. "Penso, logo existo" – afirmou Descartes. O que nos sugere, em nosso contexto, que "sem pensar, você não
existe". Já pensou sobre isso? (...)

Um dia, perguntaram a Ramana Maharshi: "Que livro posso ler para encontrar a mim mesmo?" Ramana, prontamente, respondeu: "Nenhum. A única coisa que você pode fazer é entrar para dentro de si e ler, completamente, a si mesmo. Depois que você encontrar a si em si mesmo, pode ler o que quiser."

Não sei quanto a vocês, mas é disso que compartilho.
Leia a si mesmo de todas as maneiras possíveis. Custe o que custar. Fique cara a cara com aquilo que foi imposto sobre você como verdade.
Você é jovem? Você é velho? Homem? Mulher? Stop! Por que você está sempre sendo alguma coisa? Estamos detidos no 'ser alguma coisa' sem nos darmos conta do que há anteriormente a qualquer coisa.

Remova os 'issos' e os 'aquilos' e veja a consistência do eu, veja que peso tem esse pronome antes do verbo.
Por fim, remova o "eu" e fique com o SER."

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