Isso! - Jeff Foster


"Depois de anos de diferentes mil buscas chegamos ao momento presente, que é este momento. Mas, com isso não me refiro tanto a ideia do "momento presente", senão, de maneira muito literal, a isto, quer dizer, a aparência
presente de tudo isto, mais além de toda a palavra e de todo conceito.

As batidas do coração (bum, bum, bum!)

A respiração. Para dentro, para fora, para dentro, para fora...

O suave zumbido do tráfego. A sensação de sustentar este livro nas mãos.

Os pensamentos que aparecem, se dissolvem e tornam a aparecer...

Independente do que tenhamos vivido, do que tenhamos "descoberto" e do que tenhamos "compreendido", isso sempre está aqui e agora, e o indivíduo (quer dizer, "você") que, tratando de encontrar a si mesmo tem vivido, "descoberto" ou "compreendido" todas essas coisas não eram mais que pensamentos, histórias, crenças.

Neste mesmo instante, "você" não é mais que uma ficção.

Mas isso não significa que você deva negar a ficção, porque a ficção sempre seguirá emergindo. Deixe-a simplesmente estar.

Quem sabe a libertação, se é que seja algo, consista em ver através dessa ficção, quer dizer, em ninguém reconhecendo a ficção como tal.
Mas ainda isso seria dizer demais, porque essa pequena sequencia de palavras consolida a "libertação" como um objetivo que há que se "alcançar", como algo que há que se "realizar". Mas por mais que a mente lhe conte este tipo de historias — "Quando puder ver a ficção como tal, terei me libertado!" — desse modo você só incentiva a busca da libertação, com o que a mente segue vagueando livremente, como sempre.

A libertação não tem nada a ver nem com as palavras nem com os conceitos. Mas, como temos que utilizar palavras (de que outro modo, se não, poderíamos escrever um livro?), caímos irremediavelmente na armadilha de buscar a libertação como se fosse um objetivo, como se se tratasse de algo que podemos alcançar no futuro, como uma espécie de ideal.

Mas a mensagem contida neste livro é que a libertação consiste em ver através desta busca. A libertação, se é que seja algo, consiste em ver através da busca da libertação, da busca de algo mais importante que isto, a busca de algo distinto desta presente aparência.
Mas, já não temos desperdiçado nossa vida o suficiente buscando algo diferente disto? 


A libertação, se é que seja algo, consiste em ver através de todo o drama humano e de todas as coisas que, de maneira muito literal, configuram nossa vida. (...)

Para o personagem "Jeff", tudo mudou, porém, tudo segue absolutamente igual. Quem sabe, a única diferença é que, durante esses dias, "Jeff" foi reconhecido como um mero personagem, como uma simples história que carece de toda realidade profunda flutuando na consciência.

A libertação é absolutamente simples e evidente. A busca havia concluído e o que sempre estivemos buscando não é mais que esta presente aparência. Isto, aqui e agora. Não há nada mais. Nunca houve nada mais."
Jeff Foster em Mas alla del Despertar 

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